Com um cenário global cada vez mais complexo, as empresas precisam reavaliar a maneira como encaram as questões ambientais se quiserem equilibrar crescimento econômico, segurança energética e suas metas nessa área

Para entender os impactos do que está acontecendo nas discussões sobre as estratégias ESG das empresas, a S&P Global Ratings, uma conceituada agência de classificação de risco, conduziu uma pesquisa com líderes e especialistas em sustentabilidade, clima e transição energética. Desse levantamento, surgiram dez megatendências que vão influenciar essas discussões em 2025. Eis suas conclusões:
Mudanças nas políticas públicas – Ano passado, mais de 60 países foram às urnas, e as trocas de poder resultantes disso têm impacto direto sobre as estratégias de sustentabilidade. Nos Estados Unidos, por exemplo, Donald Trump já anunciou o desmantelamento de leis e de normas relacionadas à proteção e à mitigação dos riscos ambientais. Com essas mudanças na geopolítica, as empresas devem assumir um papel ainda mais ativo na agenda climática.
Energias renováveis na berlinda - Enquanto as tecnologias limpas continuam em franca expansão, a instabilidade global faz com que governos priorizem segurança energética e acessibilidade, o que pode retardar a descarbonização.
Transparência na divulgação de riscos climáticos– O aumento de eventos climáticos extremos tornou a capacidade de adaptação mandatória para governos e empresas. Sem investimentos, os impactos dessas mudanças podem comprometer o crescimento econômico. Além disso, medidas regulatórias vêm exigindo mais transparência, pressionando as empresas a avaliar melhor suas estratégias de mitigação e suas vulnerabilidades em relação aos riscos climáticos. Integrar essas informações às decisões financeiras garante proteção para os ativos e fortalece a resiliência corporativa.
Novas soluções de financiamento – O déficit de recursos para ações climáticas exige alternativas para atrair capital e alavancar projetos sustentáveis - é o caso do blended finance (financiamento misto), por exemplo, que reúne recursos públicos, de fomento ou filantrópicos ao capital privado.
Fortalecimento dos mercados globais de carbono – O Artigo 6 do Acordo de Paris, que teve sua regulamentação definida na COP29, estabelece regras mais claras e mecanismos para melhorar a operação do mercado global de carbono. Isso deve atrair investimentos e facilitar a cooperação entre países para reduzir emissões e alcançar metas climáticas.
Natureza e biodiversidade entram para a agenda das empresas – Cada vez mais, organizações reconhecem a relação entre a perda da biodiversidade e as mudanças climáticas, o que amplifica sua visão sobre os desafios ambientais e a busca por soluções que garantam a competitividade no longo prazo.
Novos desafios para as cadeias de suprimento – Além das mudanças climáticas, tensões geopolíticas como o aumento das barreiras comerciais e regulamentações terão impacto direto sobre a supply chain, deixando a operação das empresas mais complexa.
Equilibrar sustentabilidade e justiça social – A transição energética afeta as comunidades, especialmente as mais vulneráveis, de maneira desigual, o que exige a adoção de medidas que evitem desemprego e aumentos excessivos nos custos de energia. Por isso, manter o equilíbrio entre sustentabilidade e justiça social será essencial para garantir apoio político e econômico à descarbonização.
Aumento da discussão sobre os impactos ambientais da IA – Com a IA presente em cada vez mais setores, cresce a urgência do debate sobre seus impactos no meio ambiente. O desafio será conciliar o progresso oferecido pela inteligência artificial com o seu alto consumo de energia elétrica para garantir que esse avanço não vá contra as metas de sustentabilidade que a própria ferramenta busca apoiar. Nesse cenário, a energia nuclear surge como alternativa estratégica, mas incertezas regulatórias ainda preocupam investidores.
Clareza nos relatórios de sustentabilidade – Reguladores exigirão mais transparência, consistência e padronização nos relatórios ambientais. O custo e a complexidade dessas novas regras podem gerar resistência por parte das empresas.